Por que acidentes aéreos aumentaram no Brasil
Um avião de pequeno porte caiu nesta segunda-feira (10) no município de Prado, no sul da Bahia, causando a morte do empresário Fredy Tanos, dono de uma rede de laboratórios em Minas Gerais.
A aeronave era pilotada pelo também empresário do mesmo ramo, Mário Gontijo, que sobreviveu ao acidente e foi encaminhado para o atendimento médico de emergência.
No dia 7 de janeiro, um avião de pequeno porte caiu por volta das 7h20 da manhã na avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste de São Paulo. O advogado gaúcho Márcio Louzada Carpena e o piloto da aeronave, Gustavo Medeiros, morreram no acidente.
Durante a queda, em uma área bastante movimentada da capital paulista, a aeronave bateu em árvores, placas de trânsito e na traseira de um ônibus, que estava parado para embarque e desembarque de passageiros e explodiu. Seis pessoas que estavam na avenida ficaram feridas, segundo o Corpo de Bombeiros.
Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) aponta sete acidentes aéreos com vítimas fatais registrado no Brasil este ano. E, em 2024, o número de acidentes aéreos bateu um recorde de oito anos.
Aviões particulares, de pequeno porte, como o do empresário, estão envolvidos em muito mais acidentes fatais do que as frotas de aeronaves maiores.
Ainda de acordo com o levantamento do órgão, em 2024 foram registrados 44 acidentes aéreos com vítimas fatais no Brasil, esse número é o maior desde 2016, quando 45 ocorrências desse tipo foram registradas.
Consequentemente, o número de mortes também aumentou. A queda do avião da VoePass, em Vinhedo, em que 62 pessoas morreram, fez com que o número de mortos em 2024 em acidentes aéreos fosse de 152 vítimas, o maior desde 2015, quando começou a série histórica com os dados do Cenipa.
Causas mais comuns são falhas humanas
Além disso, os dados apontam que mais da metade dos acidentes não foram causados por problemas na aeronave ou no aeroporto, mas sim por questões humanas.
O levantamento aponta que 33,33% das ocorrências foram causadas por fator humano relacionado ao aspecto psicológico, que engloba percepção do risco, fadiga, estresse e até mesmo cultura organizacional.
“Ele faz parte do fator contribuinte ‘Fator Humano’, que está relacionado ao complexo biopsicossocial do ser humano. Então, temos questões relacionadas a buscar a compreensão dos condicionantes individuais, psicossociais, organizacionais e sociotécnicos do desempenho do indivíduo que por ventura venha a contribuir em uma ocorrência aeronáutica, compondo o processo de decisão como atitude, percepção e atenção”, explica Joselito Paulo, diretor Presidente da Associação Brasileira de Segurança de Aviação (Abravoo).
Outras 33,33% das ocorrências com morte tiveram como motivação o desempenho técnico do ser humano. Nessa categoria estão englobados indisciplina de voo, problemas na manutenção da aeronave, julgamento de pilotagem, aplicação de comandos, supervisão gerencial e planejamento de voo.
“O que precisa ser feito é melhorar a cultura de segurança de voo. E isso pode ser feito aumentando o treinamento formal, criando um ambiente de formação nas escolas de aviação e com uma cultura positiva de segurança e aumentando a fiscalização no setor”, acrescenta Raul Marinho, diretor técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag).
Para o especialista em segurança aérea e o mecânico de aeronaves Lito Sousa também há a necessidade de estudos mais detalhados sobre os acidentes aéreos.
Segundo ele, não houve alterações nas regras e procedimentos de voo, que pudessem justificar o aumento de acidentes ocorridos no ano passado e não há, por exemplo, estudos sobre os perfis dos pilotos envolvidos nesse tipo de ocorrência.
“Apesar de a gente ter os fatores que causaram os acidentes bem definidos nos relatórios, isso não explica o salto quantitativo de acidentes em 2024. Então, acho que talvez um estudo mais aprofundado do porquê, buscando a resposta a essa pergunta tenha que ser feito. Se existe, por exemplo, uma relação com a idade dos profissionais. Tem que haver um estudo para esse campo do conhecimento e não existe hoje”, pontua.
Fonte: BBC News.
Foto: DECEA.