Lula assume presidência do Mercosul com foco em acordo com a União Europeia
Nesta quinta-feira, 3, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu oficialmente a presidência rotativa do Mercosul durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado, realizada em Buenos Aires, Argentina. O encontro marca não apenas a transição da liderança do bloco, antes sob comando do presidente argentino Javier Milei, mas também a intensificação de negociações, com destaque para o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
O presidente brasileiro reforçou que “está confiante” na assinatura do tratado ainda este ano, além de anunciar a intenção de ampliar a rede de acordos comerciais com parceiros globais.
Lula chegou à capital argentina na noite da quarta-feira, 2, acompanhado da primeira-dama Rosângela “Janja” da Silva. Ambos foram recebidos por apoiadores na Embaixada do Brasil, onde ficaram hospedados durante a visita oficial. No evento desta quinta, ele recebeu simbolicamente o comando do bloco de Milei, em um momento raro de cortesia entre os dois presidentes.
Esta foi a primeira viagem de Lula à Argentina desde que Milei assumiu a presidência em dezembro de 2023. Apesar das relações historicamente próximas entre os dois países, os atuais líderes ainda não haviam realizado um encontro bilateral formal.
Embora não tenha sido marcada uma reunião privada entre os dois durante a cúpula, o clima no evento foi de trégua. Além disso, está prevista uma visita de Lula à ex-presidente Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar após condenação por corrupção. Ele também deve se reunir com o presidente paraguaio Santiago Peña.
A nova presidência brasileira no Mercosul tem validade até dezembro deste ano, seguindo o rodízio semestral entre os países membros, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Bolívia, que recentemente teve sua adesão aprovada, também participou da cúpula, representada pelo presidente Luis Arce. Estiveram presentes ainda Yamandú Orsi, do Uruguai, e Santiago Peña, do Paraguai.
Durante seu discurso, Lula delineou as prioridades de sua gestão à frente do bloco, destacando a urgência de fortalecer as relações comerciais internas e externas. Ele defendeu a inclusão dos setores automotivo e açucareiro na união aduaneira e enfatizou o papel do Mercosul na reconfiguração da economia mundial diante das crescentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
“É hora de o Mercosul olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial. Nossa participação nas cadeias globais de valor se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e Indonésia”, afirmou.
Além da negociação com os europeus, o governo brasileiro pretende concluir os trâmites do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que inclui Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. De acordo com o Itamaraty, as negociações foram encerradas na quarta-feira, 2, e o texto está em fase de revisão, com divulgação prevista para agosto. A expectativa é que a parceria crie uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) combinado superior a US$ 4,3 trilhões.
O presidente brasileiro também mencionou planos de negociação de novos acordos com países como Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana. Além disso, pretende atualizar os tratados já existentes com Colômbia e Equador.
Fonte: Jornal Opção.
Foto: Ricardo Stuckert / PR