Agronegócio

Soja rompe barreiras e plantações invadem área urbana de Goiânia

Conhecida até então por sua urbanização crescente e atividades rurais mais tradicionais, a capital goiana agora desponta como mais um território fértil para o cultivo da soja, uma das principais commodities agrícolas do Brasil
A paisagem agrícola do estado de Goiás, historicamente marcada por grandes polos produtores como Rio Verde, Jataí e Cristalina, começa a ganhar um novo e surpreendente protagonista: Goiânia. Conhecida até então por sua urbanização crescente e atividades rurais mais tradicionais, a capital goiana agora desponta como mais um território fértil para o cultivo da soja, uma das principais commodities agrícolas do Brasil. A expansão da oleaginosa para as imediações da capital representa não apenas uma mudança produtiva, mas também um reflexo de transformações econômicas, sociais e tecnológicas no campo.
Lavoura de soja em torno de Goiânia l Foto: Adriano Ação

O avanço da soja em direção a Goiânia não é um fenômeno isolado. Trata-se de um movimento estratégico de arrendamento de terras por produtores que enxergam na proximidade com a cidade um trunfo logístico e financeiro. Regiões antes dedicadas à pecuária leiteira, ao cultivo de cana para caldo ou à criação de pequenos animais estão sendo convertidas em lavouras de alta produtividade. O arrendamento tem se mostrado uma alternativa atrativa tanto para quem planta quanto para os proprietários de terra, que agora recebem rendas fixas com menos riscos e mais tranquilidade.

A presença da soja em áreas próximas ao Parque Lagoa Vargem Bonita e no povoado São Domingos, na divisa com Santo Antônio de Goiás, mostra que Goiânia já não é apenas vizinha da produção agrícola — ela participa ativamente dela. Segundo dados do IBGE, o município já cultiva 1.600 hectares de soja, com uma produção anual de quase 6 mil toneladas, além de uma produção complementar de milho. Esses números reforçam a contribuição crescente da capital no cenário agrícola estadual e mostram que a cidade está se adaptando a uma nova vocação.

Esse processo é impulsionado por diversos fatores: a valorização da soja no mercado internacional, o aumento da produtividade por hectare, o avanço das tecnologias agrícolas e a escassez de mão de obra para atividades como a pecuária. O cenário revela uma tendência de longo prazo que promete transformar o entorno de Goiânia — e até áreas dentro de seus limites — em um novo polo agrícola, reconfigurando o perfil socioeconômico da região. Mais do que uma mudança pontual, o que se observa é uma reestruturação da lógica produtiva local.

Esta reportagem se propõe a explorar esse novo capítulo da história agrícola de Goiás, abordando os motivos que impulsionaram a chegada da soja a Goiânia, os impactos econômicos para os pequenos e médios proprietários, os desafios enfrentados no campo e as perspectivas para o futuro da produção na região metropolitana. Da experiência de produtores como dona Sônia Maria aos dados técnicos e análises de especialistas, revelando como a soja deixou de ser exclusividade do interior e passou a fazer parte do cotidiano agrícola da capital goiana.

Entrada do Parque Municipal Lagoa Vargem Bonita l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

Goiânia contribui para produção agrícola de Goiás com destaque para soja e milho

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2023, o município de Goiânia tem participação na produção agrícola do estado de Goiás, com foco no cultivo de soja e milho.

Atualmente, a área plantada em Goiânia é de 1.600 hectares para soja e 100 hectares para milho. A produção anual chega a 5.844 toneladas de soja e 690 toneladas de milho.

Soja produzida em volta de Goiânia l Foto: Adriano Ação

No contexto estadual, Goiás possui 4,59 milhões de hectares destinados ao plantio, com uma produção total de 17,405 milhões de toneladas. O estado ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de produção agrícola, ficando atrás de Mato Grosso (44,425 milhões de toneladas) e Paraná (21,553 milhões de toneladas), mas à frente de Mato Grosso do Sul (14,193 milhões de toneladas).

Entre os municípios goianos, os maiores produtores são:

  1. Rio Verde – 1,770 milhões de toneladas
  2. Cristalina – 1,440 milhões de toneladas
  3. Jataí – 1,248 milhões de toneladas
  4. Paraúna – 555,7 mil toneladas

Os números reforçam a importância da agricultura para a economia goiana e destacam o papel de municípios como Goiânia na produção estadual.

Arrendar para colher tranquilidade

A produtora rural Sônia Maria Parreira Lemes, de 74 anos, viu no cultivo da soja uma oportunidade de manter a terra produtiva e garantir estabilidade financeira, sem renunciar ao cuidado com a natureza.

Há mais de 40 anos morando na região de São Domingos, no município de Goiânia, próximo ao Parque Lagoa Vargem Bonita, Sônia Maria Parreira Lemes decidiu diversificar o uso de suas terras. Mesmo ainda não aposentada, ela mantém uma rotina ativa no campo e encontrou no arrendamento para soja uma alternativa vantajosa.

“Eu tenho 20 alqueires e resolvi arrendar uns oito para plantar soja. É uma renda tranquila. No meu caso, eu não recebo por saca, preferi um valor fixo por mês. Então fico tranquila, sem preocupação”, explica Sônia.

A decisão de mudar parte da atividade veio da dificuldade em manter o gado devido à escassez de mão de obra.

Sônia Maria: “Antes da soja, minha renda vinha do gado e da cana” l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

“Mexer com gado hoje está difícil. A mão de obra está escassa, vaqueiro tá raro. Já a soja não precisa disso. A pessoa que planta cuida de tudo, investe no maquinário, melhora a terra. Eu só recebo o dinheiro do arrendamento.”

Segundo Sônia, este é o segundo ano de contrato com o arrendatário, que planta soja e, em alguns casos, também milho na safrinha.

Entre a natureza e a necessidade

Apesar dos benefícios financeiros, a produtora revela que teve certa resistência inicial por causa do uso de agrotóxicos.

“Eu sou muito ligada à natureza, gosto de preservar. Aqui não desmatou nada. A minha preocupação era com o veneno da soja. Mas hoje em dia está mais controlado. Não é igual antigamente. Aqui o uso é bem menor, bem diferente de regiões como Rio Verde.”

Mesmo com a soja como principal fonte de renda atualmente, Sônia mantém outras atividades na propriedade.

“Antes da soja, minha renda vinha do gado e da cana. Eu ainda tenho meu pedaço de cana. A gente corta, limpa, pesa e vende direto para as banquinhas que fazem caldo de cana.”

A renda do arrendamento trouxe mais tranquilidade financeira para Sônia, que não pretende mudar os planos tão cedo.

“Melhorou bastante. A soja virou minha principal renda. E vou continuar. A pessoa que planta investe na terra, deixa ela melhor. A soja é uma boa. É tranquila e segura.”

Mesmo depois de décadas no campo, Sônia não pensa em parar. Com os pés na terra e os olhos atentos às mudanças do tempo e do mercado, ela segue cultivando não só lavouras, mas também sabedoria e resistência.

Sorgo substitui soja em área agrícola próxima à UFG devido a ataques de pombos

Em uma área urbana localizada entre o Jardim Pompeia e o Conjunto Itatiaia, próxima à Universidade Federal de Goiás (UFG) e à rodovia GO-080, produtor têm optado pelo revezamento de culturas como alternativa para lidar com desafios da produção agrícola local.

Atualmente, o sorgo tem sido a cultura escolhida por Vilmar Canedo, responsável pela plantação na área. Segundo ele, o cultivo de soja se tornou inviável devido ao ataque constante de pombos.

Plantação de sorgo em área urbana de Goiânia l Foto: Cilas Gontijo/Jornal Opção

“Quando se planta soja, os pombos do bando comem e destroem a plantação”, afirma Canedo. “As terras em Goiânia são boas, mas existe esse problema que acaba atrapalhando a produção.”

O sorgo, por sua vez, tem apresentado melhores resultados. A cultura é utilizada principalmente para a produção de silagem, o que, de acordo com o produtor, tem garantido maior sucesso e estabilidade frente às adversidades enfrentadas com a soja.

Expansão da soja avança para áreas urbanas de Goiânia, aponta especialista

De acordo com o doutor em Agronomia Nilson Jaime, esse fenômeno é impulsionado por fatores econômicos e tecnológicos, e a tendência é de crescimento.

“Não existe nenhuma atividade agrícola hoje que paga melhor do que a soja. Por isso, os donos de terras estão arrendando”, explica Jaime. Ele observa que há uma demanda muito grande pela cultura, o que provocou um verdadeiro boom da soja em Goiás e em todo o Brasil. “Agora, isso vai se intensificar ainda mais com essa briga entre China e Estados Unidos”, acrescenta.

Segundo ele, esse cenário tem tornado o arrendamento de terras uma opção atrativa e segura para muitos proprietários. “Você faz as contas e vê que, se pegar uma área de pastagem e arrendar para plantar soja, vai ter um retorno sem risco”.

Jaime também destaca que a proximidade dos centros urbanos torna o arrendamento ainda mais vantajoso. “Se for comprar terra, você tem que ir para o Mato Grosso, para o Matopiba — que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — regiões de fronteira. Mas se for arrendar, quanto mais próximo, melhor. Você economiza com o frete dos insumos e da própria soja.”

A expansão da cultura nos arredores da capital é evidente. “A tendência é essa: a soja chegando cada vez mais perto da capital. Já tem soja em praticamente todo o entorno de Goiânia — Senador Canedo, Caldazinha, Teresópolis, Anápolis, Hidrolândia, Trindade. Dá para dizer que é na Grande Goiânia. E agora também no município de Goiânia.”

Apesar de muitas áreas próximas à capital serem de cerrado, Jaime explica que os avanços tecnológicos permitiram a adaptação da cultura da soja. “Antigamente, achavam que não dava para plantar nada no cerrado. O pessoal preferia as terras roxas do Paraná e São Paulo. Mas com a criação da Embrapa em 1974, começaram a melhorar as variedades de soja. O problema do cerrado era a toxidez de alumínio e manganês, e isso se resolve com calcareamento. O calcário neutraliza esses elementos tóxicos.”

Hoje, segundo o especialista, há produção de soja até na Amazônia. “A tecnologia permitiu o melhoramento genético das sementes, com variedades adaptadas ao fotoperiodismo — a quantidade de luz. Antes não se conseguia plantar no Centro-Oeste e Norte, agora se planta em qualquer lugar.”

Além do preço elevado da soja, outro fator que estimula a produção é a alta produtividade. “Antigamente, se produzia 50 sacas por hectare. Hoje se produz até 100. O normal é 80 sacas por hectare, o que dá 6 mil quilos. Com isso, a rentabilidade aumenta e o produtor pode pagar mais pela terra”, conclui Nilson Jaime.

Soja avança e chega às portas de Goiânia: produtividade e rentabilidade atraem produtores

Segundo Nilton Jaime, engenheiro agrônomo e proprietário da Cerrado Consultoria Agronômica, com sede em Palmeiras de Goiás, esse avanço da soja em direção à capital se deve a uma combinação de fatores econômicos e produtivos.

“São vários fatores que contribuem para o aumento da área plantada de soja. Um dos principais é que a soja é uma commodity cotada em dólar na Bolsa de Chicago. Como o dólar está em alta, a atividade se torna mais bem remunerada”, explica Jaime.

Mesmo que o valor da saca não esteja no patamar ideal para os produtores, ele afirma que a soja ainda apresenta excelente rentabilidade. Além disso, outras atividades rurais, como a pecuária leiteira ou de corte, têm se mostrado menos lucrativas, o que leva muitos proprietários a optarem pelo arrendamento de terras para o plantio da oleaginosa.

Nilton Jaime: “O produtor faz uma conta simples e percebe que, arrendando a terra para a soja, ele ganha mais” l Foto: Arquivo pessoal

“O produtor faz uma conta simples e percebe que, arrendando a terra para a soja, ele ganha mais. E toda terra que tem condição de ser cultivada — do ponto de vista topográfico — está sendo ocupada. A fertilidade já não é mais um entrave, pois ela pode ser construída”, afirma.

O valor dos arrendamentos é um indicativo do quanto a soja se tornou atrativa. “Aqui na nossa região, os arrendamentos variam de 80 a 100 sacas de soja por alqueire, o que dá de 16 a 20 sacas por hectare. Com a saca a R$ 114, o proprietário pode receber entre R$ 1.824 e R$ 2.280 por hectare ao ano, sem levantar-se da cadeira”, calcula o agrônomo.

Para propriedades pequenas, como chácaras com cinco alqueires (cerca de 25 hectares), isso representa até R$ 57 mil ao ano. “Será que alguém consegue isso vendendo caldo de cana, criando suínos ou produzindo ovos? Pouco provável”, observa.

Jaime destaca que até mesmo grandes proprietários têm feito essas contas. “Se o pecuarista pensa bem, ele vê que o lucro líquido da soja supera o da engorda de boi. A tendência é que a soja continue crescendo ao redor da capital”, afirma.

Contudo, ele também aponta concorrência. “As duas únicas atividades que podem competir com a soja são a cana-de-açúcar, porque também é uma commodity, e o setor imobiliário. As usinas oferecem bons valores pelo arrendamento, e os empreendimentos urbanos às vezes chegam oferecendo milhões por uma área”.

Sobre a produtividade, Nilton garante que a proximidade com uma metrópole como Goiânia não compromete o desempenho das lavouras. “A poluição não interfere em nada. Se o solo for corrigido, a variedade escolhida for adequada e chover bem, a colheita será boa”, afirma.

Segundo ele, o fator determinante para a produtividade não é a localização, mas o nível tecnológico adotado pelo produtor. “O que diferencia é o perfil tecnológico. Um produtor altamente tecnificado em Santo Antônio de Goiás pode ter melhores resultados que um pouco mais despreparado em Rio Verde”, compara.

Ele ainda destaca uma vantagem do entorno da capital: “A região metropolitana de Goiânia chove mais do que o interior do estado. Com solos semelhantes, o potencial produtivo aqui é excelente”.

Para Nilton Jaime, a expansão da soja é resultado direto da lógica econômica. E, enquanto os números continuarem favoráveis, a oleaginosa seguirá ocupando espaços cada vez mais próximos da cidade.

Cultivo de soja atrai produtores antes dedicados à pecuária

O avanço do cultivo de soja em áreas próximas à capital goiana tem mudado o perfil produtivo da região. Proprietário de terras que fazem divisa com o Parque Municipal Lagoa Vargem Bonita, o Sr. Omar afirma que planta soja em parceria com Romildo Gomes, mas preferiu não entrar em detalhes. “Planto apenas 45 hectares de soja”, limitou-se a dizer.

Segundo Romildo Gomes, a decisão de investir na lavoura surgiu diante da inviabilidade da pecuária. “O dono da terra já tinha a propriedade, e como o gado está inviável, resolveu plantar soja. A soja hoje é mais rentável do que o gado”, explicou.

Lavoura de soja na propriedade l Foto: Arquivo pessoal

Ele ressalta que o mercado pecuário tem enfrentado instabilidade. “É muito relativo. O preço do leite é instável, a ração onera muito o custo. Tem ano que é bom, mas tem ano que a lavoura é melhor”, comparou.

A escolha pela agricultura também tem sido influenciada pela condição das terras. “São terras boas para soja e milho, mas precisam de fertilizante. Como foram muito pisoteadas por gado, o solo precisa de preparo, com subsolagem e correção. É terra de cerrado”, explicou Romildo.

A produção atual ocorre em 45 hectares, com rotação de culturas entre soja, milho e sorgo. “A gente reveza as culturas por causa da safrinha. Se colhe mais cedo, dá para plantar milho, que precisa de mais água. Se atrasa, vai de sorgo mesmo”, detalhou.

De acordo com Romildo, a produtividade tem sido positiva. “Estamos colhendo 70 sacas por hectare, o que é uma média boa, igual à do sudoeste goiano. Hoje, a soja que usamos é transgênica e tem maturação acelerada.”

Questionado sobre o potencial da região comparado a grandes polos agrícolas, ele afirma que não há diferença. “É a mesma coisa. Hoje em dia, a soja se viabiliza em qualquer lugar, desde que bem manejada.”

O plantio nas proximidades de Goiânia também tem sido impulsionado pela falta de oferta de terras em regiões mais distantes. “Não é nem por logística, é que está difícil encontrar terra para arrendar. A concorrência é grande”, destacou.

Romildo também comenta sobre a crescente tendência de arrendamento na região. “A maioria dos fazendeiros está arrendando. É mais viável, eles não têm preocupação com nada. Tem crescido muito. Às vezes a pessoa até tem a terra, mas o custo para comprar maquinário é alto. Então prefere arrendar.”

Ele cita casos de pequenos proprietários que se beneficiaram com a prática. “Tem uma senhora que arrendou a terra para soja e hoje tem renda todo mês. Antes ela vivia de vender cana.”

Sobre pragas naturais, Romildo confirma a presença de pombos-do-bando na região, mas diz que o problema é controlável. “Eles arrancam muita soja, mas a solução é todo mundo plantar na mesma época. Aí o estrago é pequeno em cada lavoura.”

Plantação de soja l Foto: Arquivo pessoal

Com os bons resultados, Romildo revela que há intenção de expandir. “A expectativa é arrendar mais terras e aumentar a plantação. Se a gente achar terra, queremos aumentar sim.”

Produtor rural aposta na soja no entorno de Goiânia e vê potencial para expansão

Empresário e produtor rural, Adriano Ação é um dos principais arrendatários da região metropolitana de Goiânia. Morador de Santo Antônio de Goiás, ele arrenda atualmente três propriedades, incluindo parte das terras de dona Sônia Maria, na região do São Domingos.

Adriano iniciou na produção de soja há seis anos e, desde então, tem apostado no potencial das terras próximas à capital goiana.

Produtor e arrendatário, Adriano Ação em lavoura de soja da região l Foto: Arquivo pessoal

“Primeiro, as terras são boas. Segundo eu moro em Santo Antônio, é na minha região. Tenho terras até em Turvânia, mas prefiro plantar aqui porque está perto para mim, é mais cômodo. É mais fácil manusear maquinário e tudo”, explica.

Atualmente, ele cultiva 105 hectares em duas propriedades localizadas dentro do município de Goiânia. Segundo Adriano, a produção é satisfatória e o clima da região metropolitana favorece o plantio duplo ao longo do ano.

“Aqui chove bem, dá para plantar a safra e a safrinha. No ano passado, plantei milho na safrinha. Este ano, plantei capim porque comecei mais tarde. Em casa, como comecei mais cedo, plantei milho. E a gente faz esse rodízio para a terra não cansar”, conta.

Ele explica que alterna as culturas com o objetivo de manter o solo produtivo: “Você planta soja, depois planta milho, depois sorgo. Vai variando para agregar mais nutrientes e produzir mais”.

Sobre a viabilidade de expandir sua produção em Goiânia, Adriano é enfático: “Sim, com certeza. Já estou conversando com o pessoal da Ferrobrás, que tem uma terra grande, quase 300 hectares”.

Segundo o produtor, a maioria dos proprietários da região aguarda a valorização imobiliária para lotear suas terras. “Eles compraram há mais de 20 anos e estão esperando a expansão urbana para fazer condomínio. Mas enquanto isso, arrendar para a soja é lucro. Ganha um dinheiro e mantém a terra limpa, sem mato ou pragas”.

Adriano também destaca que, para ele, arrendar é mais viável do que comprar. “Aqui, o preço da terra é altíssimo, coisa de R$ 1 milhão por alqueire. Já no interior, a terra custa R$ 70 mil, R$ 100 mil. Só compensa comprar aqui se for para loteamento”, afirma.

O sistema de arrendamento é geralmente mensal, embora possa variar conforme o proprietário. “Tem gente que prefere receber adiantado e dá desconto. Outros querem mensal. Eu prefiro pagar de uma vez”, explica.

Apesar da boa produtividade, o custo da lavoura é alto e o mercado incerto. “Para plantar, gasto cerca de R$ 20 mil por alqueire em insumos. E eu não sei nem por quanto vou vender a soja. Já paguei R$ 6 mil na tonelada de adubo e hoje está R$ 3 mil, mas a soja caiu de R$ 215 para R$ 110”, relata.

Adriano Ação e sua esposa em meio à lavoura de soja l Foto: Arquivo pessoal

Adriano acredita que falta apoio governamental. “O produtor corre riscos altos. Muita gente desistiu porque não conseguiu pagar. E o governo ainda taxa quem está tentando produzir”, desabafa.

Apesar das dificuldades, ele segue investindo com recursos próprios. “Eu banco minha plantação. Isso me dá vantagem. Compro insumos mais em conta e consigo manter a produção, mesmo em anos difíceis”.

Com produtividade que chega a 320 sacas por alqueire, Adriano diz que as terras do entorno de Goiânia têm potencial semelhante ao do sudoeste goiano. “Produção é boa. Já colhi até 370 sacas em algumas áreas. E quanto mais você planta, mais a terra melhora”, destaca.

Fonte: Jornal Opção.

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