Vice-secretário de Estado dos EUA diz ter mandado proibir visto para brasileiro por elogiar assassino de Charlie Kirk
“Falei pessoalmente com o chefe do departamento consular para revogar seu visto americano, caso ele tenha, e emitir um alerta para que ele nunca consiga um”, afirmou Landau.
O vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau afirmou no sábado (13) que pediu a revogação do visto de um brasileiro por elogiar nas redes sociais o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk.
“Estrangeiros que glorificam a violência e o ódio não são visitantes bem-vindos em nosso país”, afirmou o vice-secretário.
O perfil e o comentário citados na postagem de Landau não estão mais disponíveis. O médico Ricardo Jorge Vasconcelos Barbosa disse ao g1 que fez uma “colocação infeliz” e pediu desculpas à família do ativista.
“Trata-se de uma colocação infeliz, fora de contexto e divulgada por pessoas alheias ao meu círculo. Peço desculpas à família enlutada e registro que montagens e sobreposições de imagens distorceram o conteúdo original, em nada condizendo com os princípios que sempre nortearam minha conduta pessoal e profissional: o respeito à vida e à ética”.
Na sexta-feira (12), o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco publicou uma nota oficial, dizendo que recebeu uma denúncia, “motivada por ampla repercussão nas redes sociais” e que abriu uma apuração do caso.
O crime
Tyler Robinson, um jovem de Utah de 22 anos, foi acusado por autoridades dos Estados Unidos de ter assassinado o ativista conservador Charlie Kirk. Ele foi preso na sexta-feira (12), segundo anunciou o governador de Utah, Spencer Cox.
A polícia informou que Robinson se entregou após ter sido denunciado por familiares e amigos. Ele ainda é tratado como suspeito pelo FBI e a polícia de Utah, que têm investigações em andamento.
Após a prisão, o jovem foi acusado de homicídio qualificado, obstrução da justiça e porte ilegal de armas, segundo a imprensa americana. A Justiça determinou que ele seja mantido preso sem direito a fiança.
Segundo Cox, familiares do jovem disseram à polícia que ele se tornou mais politizado e radicalizou seu discurso ao longo dos últimos anos. Amigos do suspeito que conversaram com a polícia disseram que, dias antes do assassinato, Robinson havia relatado a eles que Charlie Kirk estaria em Utah para uma palestra a jovens universitários e disse não gostar do ativista.
Familiares de Robinson também disseram à polícia que Kirk era visto como “cheio de ódio, e espalhando ódio”, em referência às posições que o ativista aliado de Trump defendia.
De acordo com registros estaduais analisados pela agência de notícias Reuters, ele era eleitor registrado, mas não era filiado a nenhum partido político. Também não foram encontrados registros de antecedentes criminais.
Seus registros eleitorais mostram que ele era um eleitor “inativo”, o que significa que ele não havia votado nas eleições recentes e não havia respondido a uma correspondência do cartório do condado.
Ainda de acordo com Cox, o suspeito não era aluno da Universidade Utah Valley, onde o crime ocorreu. A Universidade Estadual de Utah confirmou que ele foi aluno do local por um semestre em 2021, mas não se sabe por que ele deixou a faculdade.
O pai dele, Matt Robinson, que teria sido o responsável por convencer o filho a se entregar, é vice-xerife no condado de Washington, em Utah, há 27 anos.
Em um vídeo postado por sua mãe no Facebook, Robinson pode ser visto lendo em voz alta uma carta que lhe oferecia uma bolsa de estudos de quatro anos na universidade. Outra publicação dizia que Robinson havia obtido uma pontuação que o colocaria entre os 1% melhores candidatos.
Robinson tem dois irmãos mais novos, de acordo com postagens de seus pais no Facebook. A mãe dele é assistente social em uma empresa de saúde sem fins lucrativos.
Pattel afirmou que policiais estavam interrogando o suspeito e fazendo investigações para confirmar que o homem detido é o assassino de Kirk, mas disse que policiais já encontraram indícios “físicos” que comprovam que a autoria do crime é do suspeito preso.
Charlie Kirk, um influenciador republicano de 31 anos aliado do presidente dos EUA, Donald Trump, morreu na quarta-feira (10) após ser baleado no pescoço enquanto falava em um evento na Universidade Utah Valley.
As buscas mobilizaram o FBI e policiais locais, mas foram amigos e a própria família do suspeito, identificado como Tyler Robinson, de 22 anos, que o entregaram, disse o governador do Utah.
“Queria agradecer à família de Tyler Robinson. Vocês fizeram a coisa certa”, declarou o governador. Ele disse que o atirador confessou o crime a amigos, que então entraram em contato com sua família.
Dias antes, ainda de acordo com os amigos do suspeito, Robinson havia relatado a eles que Charlie Kirk estaria em Utah para uma palestra a jovens universitários e disse não gostar do ativista. Depois, ele confessou o crime a pessoas próximas, ainda segundo a polícia.
Em entrevista à rede de TV Fox News, Trump afirmou que vai pedir a pena de morte para o autor do crime.
Na noite de quinta-feira, novas imagens da universidade registraram o momento em que um homem pula de um telhado e corre logo após o crime
Investigações
Investigadores do caso entrevistaram mais de 200 pessoas e coletaram mais de 7 mil pistas, segundo a polícia.
Na quinta, o FBI divulgou imagens de um homem considerado “o potencial atirador” e anunciou uma recompensa de US$ 100 mil dólares (cerca de R$ 630 mil) por informações que levassem à sua identificação e captura.
As imagens mostravam um homem com um boné preto, óculos escuros, tênis e uma camiseta preta com uma estampa que parece ser a bandeira norte-americana.
‘Contra a violência’
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Mapa mostra local onde o ativista conservador Charlie Kirk foi assassinado, em Utah, nos EUA, em 10 de setembro de 2025. — Foto: arte/ g1
Kirk foi atingido por um tiro no pescoço quando debatia com estudantes no campus. As autoridades acreditam que um único tiro foi disparado de um telhado a quase 200 metros de distância.
Um fuzil de alta potência foi localizado em uma área arborizada que a polícia acredita ter sido a rota de fuga do suspeito.
Embora a identidade do suspeito ou a motivação do crime não sejam conhecidas, Trump responsabilizou a esquerda, mas na quinta-feira foi mais comedido.
“Ele defendia a não violência. É dessa maneira que quero que as pessoas respondam”, disse o presidente sobre o assassinato de um de seus mais importantes aliados, considerado responsável por impulsionar sua vitória presidencial ao conquistar o eleitorado jovem.
Quando um jornalista perguntou sobre os possíveis motivos do crime, Trump limitou-se a responder: “Tenho uma pista, sim, mas contarei mais tarde”.
O corpo de Kirk foi levado na quinta-feira para Phoenix, Arizona, no avião do vice-presidente JD Vance, que ajudou a carregar o caixão. A viúva, Erika Kirk, também estava a bordo da aeronave.
‘Mudou o clima político’
O crime foi condenado por ambos os lados do espectro político, em uma rara demonstração de consenso na extremamente polarizada opinião pública americana.
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Charlie Kirk, ativista de direita e aliado de Trump, é morto com tiro no pescoço enquanto discursava em universidade nos EUA — Foto: Reprodução/TV Globo
No entanto, teorias conspiratórias e mensagens confrontadoras proliferam nas redes sociais. “Eles estão em guerra contra nós”, reagiu na quarta-feira o jornalista Jesse Watters, da Fox News.
Kirk foi assassinado justamente enquanto respondia à pergunta de um jovem sobre os tiroteios nos Estados Unidos.
Trump foi quem anunciou oficialmente a morte de Kirk, a quem concederá a Medalha Presidencial da Liberdade, a principal honraria civil dos Estados Unidos.
Pai de dois filhos e defensor de valores conservadores e cristãos, Kirk era muito conhecido no cenário político norte-americano por fundar a organização “Turning Point USA” em 2012, cuja missão era promover ideias conservadoras entre os jovens.