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Previsão de retorno e possível causa: o que se sabe sobre o apagão na Europa até agora

Foi um “corte maciço” no abastecimento de eletricidade em Portugal, Espanha e alguns territórios de França. O país ficou às escuras. E, mesmo depois da luz começar a regressar, fica a dúvida: porque falhou a eletricidade desta maneira?

Antes da hora prevista, a luz começou a voltar a Portugal. A REN esperava recuperar a eletricidade na zona do Grande Porto por volta das 21:00 e os consumos prioritários na Grande Lisboa só depois da meia-noite. Mas em várias área de Santarém, Porto, Guarda, Coimbra ou Lisboa as casas começaram a acender-se.

Pelas 17:00, a REN – Redes Energéticas Nacionais avançava que a produção de eletricidade nas centrais hídrica de Castelo de Bode e termoelétrica da Tapada do Outeiro tinha sido recuperada, um dos primeiros passos de um processo “muito gradual” de retoma dos consumos.

Depois das 21:00, o primeiro-ministro Luís Montenegro afirmava o seguinte: “Apesar de todas as adversidades de uma crise inédita, os serviços essenciais mantiveram-se em funcionamento e o Estado revelou capacidade de resposta” O Conselho de Ministros decretou a situação de crise energética, o que permitiu que fossem tomadas medidas para responder aos setores essenciais, explicou. Ainda assim, o apelo deixado aos portugueses é de contenção no consumo.

O que ainda não se sabe é o que causou todo este alvoroço: a REN explicou apenas que se deveu a uma “oscilação de tensões na rede espanhola”. Em Espanha dá-se a explicação de que o apagão terá sido causado por uma desconexão da rede com a Europa.

Isto é o que o apagão – que arrancou às 11:33 – provocou e ainda está a provocar área a área.

Trânsito: com os semáforos avariados, a PSP colocou mais polícias nas ruas para ajudar o trânsito a fluir. Em Lisboa, houve também reforço da polícia municipal, que esteve presente em muitos cruzamentos-chave da capital. O conselho das autoridades foi de que se evitasse deslocações desnecessárias. Pediu-se também uma redução da velocidade nas estradas. A PSP vai, durante a noite, reforçar o patrulhamento, para procurar reforçar o sentimento de segurança e prevenir comportamentos ilícitos.

Transportes públicos: além da greve da CP, com o apagão ficou também impossível circular no Metropolitano de Lisboa, que suspendeu a operação de imediato, conduzindo os passageiros para o exterior, incluindo em duas composições que pararam no meio de um túnel entre estações. Os autocarros passaram a ser a única alternativa, embora a abarrotar. Em Lisboa, andar na Carris passou a ser gratuito, para permitir uma alternativa de regresso a casa. Também a Transtejo e Soflusa tiveram barcos sem pagar.

Aeroportos: em Lisboa, houve um reforço do policiamento com polícias do Corpo de Intervenção. Os aeroportos foram dos locais onde a confusão se fez sentir com maior intensidade. A ANA acionou os geradores de emergência. A ANAC pediu aos passageiros para não se dirigirem para o aeroporto. No mesmo sentido seguiram a TAP e a NAV. Houve centenas de voos cancelados, passageiros sem acessos a bagagens e sem qualquer alternativa para chegarem aos seus destinos. Em Lisboa, durante duas horas, chegaram quatro voos e partiram outros quatro. Não se esperavam novas partidas até às 22:00. O conselho da ANA era de que os passageiros aguardassem o contacto das companhias aéreas antes de irem para o aeroporto. Foram dados água e bens alimentares e preparada a logística para quem precisasse de passar a noite no terminal. No Porto e em Faro, foram recebidos voos divergidos de Lisboa. Ao início da noite, surgia a notícia de que o terminal do aeroporto de Lisboa reabriu aos passageiros. Ainda assim, a ANA continua a pedir aos passageiros que contactem as companhias antes de se dirigirem para lá.

Água: foram várias as entidades a apelar ao consumo moderado de água devido ao apagão, restringindo-o aos usos essenciais, para que não falhasse o fornecimento aos serviços críticos, como os hospitais. Em Lisboa, a EPAL alertou para possíveis interrupções.

Eletrodomésticos: se ficou em casa, o conselho era que tirasse as fichas das tomadas e desligue o quadro elétrico, porque havia o risco de avariarem devido ao pico de energia.

Medidas de proteção a adotar: apesar de o apagão já existir, mostrávamos na CNN Portugal que ainda havia medidas que se podia adotar em casa para reagir da melhor forma possível. O essencial: manter a calma, poupar a bateria dos dispositivos móveis e tentar preparar um kit de emergência, que incluísse comida enlatada, papel higiénico ou água engarrafada. A Proteção Civil aconselhava a que se “respeitasse “as orientações das autoridades no terreno”, que se reduzisse a velocidade e redobrasse a atenção durante a circulação rodoviária, evitando deslocações desnecessárias, até porque nem todos os postos de abastecimento estavam capazes de operar normalmente.

Combustíveis: houve vários postos de combustíveis fechados ou a condicionar o abastecimento. A GNR garantiu a escolta ao transporte de combustíveis para as infraestruturas mais críticas devido ao apagão.

Telecomunicações: Meo, Vodafone e Nos admitiram falhas de rede, que foram sentidas pelos clientes em várias regiões do país, apesar de terem sido ativados os planos de contingência. A Meo anunciou que reconfigurou rede, limitando o uso de dados móveis para garantir serviços essenciais e apelando para que os clientes façam um uso responsável das comunicações até à reposição da energia. Depois das 21:00, as operadoras diziam ter os serviços normalizados nos locais onde a energia foi reposta.

Saúde e Emergência: o INEM esteve a funcionar com recurso a geradores, apelando que apenas se ligasse para o 112 “em caso de emergência, para “evitar a sobrecarga do sistema”. Ao final da tarde, funcionários do INEM explicavam à Lusa que a esta entidade estava sem conseguir contactar alguns meios próprios, seja via telemóvel, seja através do SIRESP. Vários hospitais e unidades de saúde ativaram os respetivos planos de emergência, mantendo apenas a atividade prioritária. Consultas de rotina, cirurgias e visitas a doentes, por exemplo, foram canceladas um pouco por todo o país. Também os hospitais privados limitaram a sua intervenção a situações urgentes. Quem precisou de ir à farmácia, encontrou dificuldades: com os sistemas em baixo, houve dificuldades para validar as receitas. A conservação de medicamentos foi também uma preocupação, segundo alertou a Associação Nacional de Farmácias. Depois das 21:00, surgia a notícia de que o Hospital S. João recuperou a totalidade energética, algo que se replicaria por outras unidades do país.

Escolas: a recomendação do Ministério da Educação foi de que as escolas do pré-escolar e primeiro ciclo mantivessem os alunos até à chegada dos encarregados de educação ou do transporte escolar. No segundo e terceiro ciclos, a indicação era para uma avaliação caso a caso. A CNN Portugal soube que houve várias escolas que, sem conseguir garantir refeições, por exemplo, mandaram os alunos para casa. Houve também várias universidades a suspender as aulas. O primeiro-ministro afirmou que as escolas poderão reabrir na terça-feira “se não houver nenhuma perturbação no processo de reabastecimento” de energia, depois do apagão. O autarca Carlos Moedas aconselhou as familias, caso a situação não esteja ultrapassada, a manter as crianças e jovens em casa. O autarca do Porto Rui Moreira acredita que vai ser possível.

Serviços: notários e conservatórias ou museus foram alguns dos serviços públicos que encerraram portas. Nas prisões, a unidade de elite esteve de prevenção. Multiplicaram-se as agências bancárias de portas fechadas. Os tribunais mantiveram-se abertos para atos urgentes, embora tenha havido muitas diligências canceladas. O Campus de Justiça em Lisboa foi evacuado. Por cozinharem com gás, à hora de almoço, havia muitos restaurantes a funcionar com normalidade, embora com pagamento a dinheiro. O cenário mudou com o jantar, com a falta de luz solar.

Comércio e supermercados: houve lojas que, sem geradores ou sistemas de pagamento a funcionar, decidiram fechar as portas por segurança. Naquelas que se mantiveram abertas, multiplicam-se as filas, com uma procura fora do normal. Houve registos de bens essenciais, como enlatados ou água engarrafada, a esgotar em vários pontos do país. O pagamento possível era apenas em dinheiro vivo, o que levou também a filas nas caixas multibanco. A CNN Portugal confirmou também que havia filas para a compra de geradores, rádios, lanternas ou pilhas. Em várias lojas, racionou-se o acesso a estes bens, por exemplo, com uma embalagem de pilhas por cliente.

Resposta política: o Governo criou um grupo de acompanhamento para o apagão e reuniu o Conselho de Ministros. Foram feitos sucessivos apelos à população para que mantenha a tranquilidade enquanto se trabalha numa solução. De Bruxelas, veio a garantia de que a Comissão Europeia trabalharia com Portugal e com Espanha para compreender a causa e apoiar o reabastecimento. A presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen  garantiu ao primeiro-ministro de Portugal que o executivo comunitário iria “trabalhar em conjunto” com Portugal para restabelecer a rede elétrica.O presidente do Conselho Europeu, António Costa, disse estar em contacto com os primeiros-ministros de Portugal e Espanha. A nível político-partidário, foi adiado o derradeiro debate entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.

Ciberataque? Causa do apagão: foi um dos cenários que se colocou em cima da mesa, o de um ciberataque. O Centro Nacional de Cibersegurança informou que não foram identificados indícios que apontassem para esse cenário. A vice-presidente executiva da Comissão Europeia Teresa Ribera disse também não existirem provas de ciberataque no corte maciço no abastecimento elétrico na Península Ibérica. Por sua vez, Luís Montenegro afirmou que “tudo” apontava para que a origem da falha de energia estivesse na interconexão com Espanha. O apagão terá sido causado por uma desconexão da rede com a Europa, segundo afirmou o diretor dos Serviços de Operação da Rede Elétrica espanhola, Eduardo Prieto, em declarações ao jornal espanhol La Vanguardia.

Fonte: CNN Brasil/Veja.

 

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