Agronegócio

Água e agronegócio: a importância de discutir os temas que ficaram à margem da COP

O recurso natural é um dos reguladores do clima e o setor do agronegócio é parte da solução para frear o aquecimento global

A COP28 terminou com balanços preocupantes, apesar de mencionar a diminuição gradual dos combustíveis fósseis e muito discurso em torno da transição energética. Entretanto, há outras duas pautas muito relevantes e correlacionadas que ficaram à sombra nessa Conferência do Clima em Dubai: a água e o agronegócio.

Segundo estimativas da Food and Agriculture Organization (FAO), da ONU, até 2050 a produção de alimentos terá de aumentar 50% em relação à 2012 para atender à demanda global. E, seguindo no ritmo atual, será preciso pelo menos mais 35% de água doce para garantir a segurança alimentar.

Olhando para a pauta da água, especialistas pontuam desafios em três esferas: tecnológica, de educação e regulatória. Em relação à inovação tecnológica, há diversas iniciativas bem-sucedidas sendo colocadas em prática, como o tratamento terciário e a dessalinização. Mas ainda assim, é preciso mais investimento global para a pauta. Já a educação ambiental

Segurança alimentar

Atualmente, a ONU estima que 828 milhões pessoas no mundo se encontram em situação de desnutrição e 345 milhões de insegurança alimentar aguda. Diante desse cenário, o Brasil poderia ter papel protagonista nesse incremento da produção de alimentos saudáveis e nutritivos que preservem o meio ambiente.

No Brasil, a produção de grãos tem previsão de crescimento de 36% até 2030. Nesse contexto, a redução de emissões de carbono é essencial para a condução de operações sustentáveis. O Brasil já tem uma matriz de baixo carbono para produção, mas vale frisar que essa não é uma solução individual. “É necessário um conjunto de políticas públicas robustas

Algumas iniciativas do agronegócio já estão sendo colocadas em prática, a exemplo de recuperação de pastagens, que potencializa a captura de carbono, e a agricultura regenerativa. “Além disso, temos a possibilidade de integração entre lavoura, pecuária e floresta como uma oportunidade de monetização e com o próprio carbono sendo um ‘plus’ para fina

“Uma nova fronteira promissora na otimização do consumo de água e outros insumos no Agronegócio vem da quarta onda de revolução tecnológica do Agro”, cita Alexandre Rangel, líder do setor do Agro em América Latina da EY. Segundo ele, novos compostos biológicos e fisiológicos para tornar as plantações mais resilientes a seca, o uso de inteligência  e a agricultura de precisão 2.0 trazem um potencial de ainda mais produtividade, usando menores áreas de produção e menor consumo de água e impactos ambientais. “Apesar do tema não ser novo, estamos ainda no começo do uso de tecnologias avançadas em larga escala. Até hoje, a maioria da revolução tecnológica se deu em provas de conceito em um número limitado de talhões. Nosso desafio na EY é ajudar o Agro a escalar essas tecnologias para operação de centenas de milhares de hectares”, conclui.

 

Por Valor Econômico

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