PF conclui nos próximos dias dois inquéritos que investigam Bolsonaro. E vai indiciá-lo nos dois
Governo do ex-presidente tentou trazer ilegalmente para o Brasil um conjunto de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões
A Polícia Federal (PF) deve concluir nos próximos dias os inquéritos que investigam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em dois casos: a venda ilegal de joias da Arábia Saudita nos EUA e as fraudes nos cartões de vacinação. As informações são do jornal O Globo.
Os investigadores envolvidos nos inquéritos esperam que a denúncia sobre as joias seja enviada à Procuradoria Geral da República (PGR) até o fim da semana e que Bolsonaro seja indiciado em ambos os casos.
Em março, a PF concluiu o inquérito sobre os cartões de vacinação, indiciando 16 pessoas, incluindo Bolsonaro e seu ex-assessor Mauro Cid. No entanto, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, solicitou o aprofundamento de algumas investigações, que agora estão a poucos dias de serem finalizadas.
Relembre casos
Joias sauditas
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou trazer ilegalmente para o Brasil um conjunto de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. Os itens de luxo eram supostamente um presente da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram apreendidos no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, pela Receita Federal.
As joias foram retidas quando uma comitiva do governo Bolsonaro retornava ao País após uma viagem oficial ao Oriente Médio, em outubro de 2021. As peças estavam na mochila de um militar que era assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Alburquerque.
Desde então, novos fatos foram descobertos, como a entrada ilegal de outros dois conjuntos de joias sauditas no País, além da revelação de que o ex-presidente mobilizou a estrutura do governo para tentar reaver os itens de luxo.
Fraudes nos cartões de vacinação
O relatório da Polícia Federal (PF), que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, no caso da falsificação de cartões de vacinação da covid-19, indica que a fraude pode ter sido um desdobramento de uma tentativa de golpe de Estado no País, com o propósito de evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel Mauro Cid e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) foram indiciados. Essa é a primeira das investigações da PF contra Bolsonaro que avança para a fase de indiciamento. Outras 14 pessoas foram indiciadas, entre servidores, médicos e militares, somando o total de 17 pessoas.
Ainda de acordo com o relatório, Mauro Cid admitiu, em depoimento, ter emitido certificados falsos de vacinação contra a covid-19 em nome do então presidente Jair Bolsonaro e de sua filha de 12 anos, em 2022.
Segundo detalhes fornecidos no depoimento, que integra a delação premiada de Mauro Cid, foi Jair Bolsonaro quem ordenou a emissão desses documentos falsos. Cid também revelou que ambos os documentos foram impressos no Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência da República, e entregues pessoalmente a Bolsonaro.