Goiás

Bem avaliado na segurança, Caiado tem embate com a Polícia Civil

A relação entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e a Polícia Civil – que não vinha bem nos últimos anos – foi agravada após o Sindicato dos Policiais Civis do estado (Sinpol) acusar o chefe do Executivo de ter recuado em um acordo de reestruturação da carreira

O fracasso nas negociações fez o sindicato iniciar a campanha “Perguntar não ofende” com outdoors espalhados por várias cidades do estado de forma a dar visibilidade para a reivindicação de classe. “Por que o governo Caiado rompeu o acordo com os policiais civis?” ou “Por que os policiais civis goianos, sendo os melhores do país, recebem uma das piores remunerações?” foram alguns dos questionamentos deixados para o governador.

Segundo o sindicato, um acordo para a valorização da categoria vinha sendo negociado nos últimos dois anos, mas o projeto que foi aprovado em assembleia pelos policiais civis em outubro de 2024 e que seria enviado pelo governo à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) não chegou à Casa. Ao invés disso, o governo optou por um aumento de 11% nos vencimentos de cargos na Polícia Civil, o que de acordo com o Sinpol não cobre as perdas dos últimos anos.

“Os policiais civis se sentem desvalorizados e traídos após um longo período de diálogo e expectativas criadas pelo próprio governo”, declarou o presidente do Sinpol, Renato Rick. “O Sinpol não aceitará passivamente essa decisão arbitrária”, avisou.

Além da campanha nas ruas, com a proposta de pressionar o governo estadual, o sindicato da categoria tem investido na articulação com deputados na Assembleia Legislativa — policiais chegaram a ser recebidos pelo presidente da Casa, Bruno Peixoto (União), mas a pauta por enquanto não avançou — e até mesmo possíveis medidas administrativas e jurídicas que não sobrecarreguem os profissionais da categoria.

A Polícia Civil de Goiás reclama de uma defasagem nos salários em relação a outras forças de segurança do estado, junto com melhores condições de trabalho e mais delegacias para comportar adequadamente a demanda. “É inadmissível que a solução para o déficit estrutural da Polícia Civil seja explorar ao máximo os servidores, ao invés de investir na valorização e recomposição da força de trabalho”, cobra Rick.

Outro ponto considerado fundamental para a categoria é a progressão da carreira, especialmente para a classe especial, que é preenchida por agentes mais experientes. Há uma fila de aproximadamente 800 profissionais aguardando promoção, e apenas 20 sobem de posto por ano. A demanda é que mais policiais possam avançar anualmente.

Em 30 de janeiro, em evento que apresentou números da segurança pública do estado em 2024, Caiado falou rapidamente sobre a demanda de contratações nas forças de segurança do estado. Segundo ele, não há caixa suficiente para isso, acrescentando que segurança pública não é só questão de “volume”.

“É lógico que se o estado tivesse condições dentro da lei de responsabilidade fiscal para poder dar espaço a contratações, é claro que eu faria. Eu tenho que ter responsabilidade para entregar ao meu vice o estado sem ter tomado nenhuma medida populista”, disse. Caiado anunciou que concorrerá à Presidência da República, deixando o cargo para o vice-governador Daniel Vilela (MDB), em 2026.

A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a equipe do governador goiano para falar sobre o assunto, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação do governo de Goiás.

Segurança é área mais bem avaliada em Goiás

A segurança pública é a área do governo de Goiás melhor avaliada pela população. De acordo com uma pesquisa da Genial/Quaest de fevereiro de 2025, 74% dos entrevistados consideram positivo o trabalho do governo estadual nesse quesito. Entre os oito estados avaliados pelo instituto, é o melhor resultado — na lista estão São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública de Goiás, a Polícia Civil aumentou em 43% o número de prisões efetuadas em 2024 na comparação com o ano anterior. Além disso, foram realizadas 45% a mais de operações no ano passado e 100% dos crimes graves e de repercussão foram elucidados, evidencia o órgão.

Esses números ajudaram na percepção de segurança por parte da população e também na aprovação de Caiado de forma geral. No mesmo levantamento da Genial/Quaest, ele é aprovado por 86% dos goianos, também a maior porcentagem entre os governadores avaliados.

Para o presidente do Sinpol, o descompasso salarial da Polícia Civil tem efeitos práticos no dia a dia da população de Goiás, com desmotivação, migração de profissionais para outros estados e redução na capacidade de investigação e resolução de crimes, sem contar problemas de saúde mental. Esses fatores seriam suficientes para interferir na segurança das pessoas. “No final, quem sofre é a população, que depende de uma Polícia Civil forte e estruturada para garantir a segurança e a justiça no estado”, completa Rick.

Metodologia da pesquisa citada: A Genial/Quaest ouviu 1.644 pessoas em São Paulo (margem de erro de 2), 1.482 em Minas Gerais (margem de erro de 3), 1.400 no Rio de Janeiro (margem de erro de 3), 1.400 no Rio Grande do Sul (margem de erro de 3), 1.200 na Bahia (margem de erro de 3), 1.104 no Paraná, em Goiânia e em Pernambuco, cada (margem de erro de 3). Todas as entrevistas foram feitas entre os dias 19 e 23 de fevereiro.

Fonte: Gazeta do Povo.
Foto: Junior Guimarães e Wesley Costa/ Agencia Cora.

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