Campanha eleitoral: o que funciona, e o que não funciona mais nas redes sociais?
Especialistas em marketing político afirmam que não se pode basear a campanha apenas em âmbito online
As eleições de 2024 estão a todo vapor e os pré-candidatos aos cargos de vereador, prefeito e vice-prefeito já tentam conquistar os votos da população mesmo antes do período da campanha oficial. Os métodos para reunir votos são diversos e mudam constantemente, junto com a sociedade. Esses esforços vão desde atividades clássicas como produção e entrega de santinhos, outdoors, aperto de mãos, olhos nos olhos, carro de som, vídeos propagandas nos canais de televisão, até a relativamente moderna movimentação nas redes sociais.
Primeiro, é importante diferenciar a propaganda eleitoral antecipada da pré-campanha legítima. Conforme a Justiça Eleitoral, a propaganda antecipada é aquela realizada fora do período autorizado para campanhas com pedido explícito de votos, de maneira direta ou indireta. Se a propaganda aparece em locais proibidos, ou utiliza métodos não autorizados durante o período da campanha, ela pode ser punida.
A propaganda eleitoral antecipada pode ocorrer, por exemplo, quando candidatos usam redes de rádio e televisão para divulgar mensagens que expressam propaganda política. Isso inclui mensagens que promovem suas próprias ações ou que atacam partidos políticos, seus membros, ou instituições.
Mesmo quando é permitido convocar redes de rádio e TV, existem regras claras sobre o que pode ser selecionado. É proibido usar símbolos ou imagens que não sejam os símbolos oficiais do Brasil. Os únicos símbolos permitidos são a bandeira, o hino, as armas e o selo nacional.
A resolução considera que é autorizada a propaganda intrapartidária, ou seja, aquela voltada para uma eleição interna, dentro do partido, onde o pré-candidato busca votos dos membros para garantir o lançamento de sua candidatura. Essa propaganda é permitida durante as prévias e nos quinze dias anteriores à escolha em acordo.
ode ser realizada através da colocação de faixas e cartazes em locais próximos ao da convenção com mensagens aos convencionais, devendo ser removidos após o término da reunião. Não são considerados como propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, atos que mencionem a intenção de candidatura e reforcem as qualidades pessoais de pré-candidatos e pré-candidatas.
Em fevereiro deste ano a resolução do Tribunal Superior Eleitoral foi atualizada, acrescentando algumas informações especificamente sobre conteúdos político-eleitorais e propaganda eleitoral na internet. O Tribunal Superior Eleitoral permite que a partir do dia 16 de agosto, será permitida a propaganda eleitoral na internet, e os cidadãos poderão manifestar as suas opiniões e divulgar as suas ideias livremente na web. Isso significa que candidatos, partidos, coligações e federações partidárias terão a oportunidade de apresentar suas propostas.
No entanto, é importante lembrar que essa liberdade tem limites. A propaganda não pode desrespeitar a honra ou a imagem de candidatos, partidos, coligações ou federações partidárias. Além disso, não é permitido divulgar informações falsas que possam enganar o público. Se a propaganda infringir essas regras, poderá ser restringida, retirada ou aplicada multa.
Essas regras existem para garantir que as campanhas sejam justas e transparentes, evitando que os políticos usem suas cargas e os meios de comunicação pública para obter vantagem sobre seus adversários antes do início oficial da campanha eleitoral. Isso ajuda a manter a igualdade de condições para todos os candidatos.
Os políticos e marqueteiros reconhecem que esse contexto que envolve o digital está cada vez mais dinâmico, gerando uma necessidade de se atualizar cada vez mais para alcançar bons resultados. O deputado estadual Gugu Nader, do Avante, compartilha ao Jornal Opção a dificuldade de alguns profissionais da propaganda em conquistarem o voto dos atingidos pela publicidade.
“Os marketeiros de 60 anos estão fora. Vários políticos contratam grandes marketeiros e não conseguem crescer. Isso mostra que o candidato depende mais de si mesmo. Ele mesmo deve fazer seus vídeos de forma espontânea, seus stories, tudo naturalmente. Hoje, converso com grande marketeiro consagrado e vejo que não trazerem novidade nenhuma, são as mesmas propagandas de 20 anos atrás”
Gugu Nader, deputado estadual (Avante).
Apesar das redes sociais colaborarem muito nas campanhas é um erro pensar que somente elas bastam para se realizar um trabalho eficaz na prospecção de imagem política. Segundo especialistas políticos, o trabalho físico, corpo a corpo é essencial para estabelecer interação autêntica com potencial de convencer. Atualmente entre os métodos que não funcionam se destacam pesquisa por telefone, por e-mail e por cédula. O investimento em cabo eleitoral poderia ser transferido para impulsionamentos nas redes sociais.
Em entrevista ao Jornal Opção, João Luís Cardoso, publicitário e diretor executivo da Trilha Comunicação — Agência de Publicidade e Propaganda que atua desde 1991 no Centro-Oeste — considera que os erros mais comuns cometidos por políticos nas redes sociais envolvem não impulsionar as publicações, estar por estar, não responder e interagir de maneira genuína quem te apoia. É preciso ser digital.
“O político deve ir para as redes sociais dizendo o que as pessoas querem ouvir, mostrando resultados e mudanças que ele já realizou – dentro ou fora de um mandato. Nessa época em que as redes sociais estão abarrotadas de política e o nível de engajamento está muito baixo, é preciso impulsionar e realizar uma leitura real do que está acontecendo. É necessário um posicionamento direto e que conecte.”
João Luís, publicitário e diretor da Trilha Comunicação
Hoje as redes sociais, principalmente da empresa Meta, proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, permitem direcionar anúncios até por Código de Endereçamento Postal (CEP). É possível se elaborar vídeos que atinjam vários segmentos específicos para personalidades diversas de acordo com os interesses das pessoas.
Marcos Marinho, consultor de comunicação e Marketing Político, considera que deve considerar o contexto. “Tem cidades que tem muito pequenas e a proximidade é preponderante. E até mesmo o consumos das mídias digitais não são tão grande. Tem cidade que o forte é WhatsApp. Deve-se considerar sempre o contexto para se fazer presente nas redes e na rua. É necessário estar na rua.” Marcos Marinho, consultor de comunicação e marketing político.
O sentimento de semelhança é ativado por assuntos que têm muito em comum entre a sociedade como futebol, academia, educação, tecnologias, ciências, música entre outros.
“Tudo pode funcionar na campanha política. Só que ter gente para trabalhar nas redes para dar frutos. A equipe das redes sociais devem estar atenta a todo material que sendo aceito e rejeitado para, ao longa da campanha, realizar alterações em busca mais alcance” compartilha o diretor da Trilha Comunicação.
Diante desse cenário, decisões equilibradas podem ser tomadas a fim de conquistar o voto da população. É essencial que se tenha pesquisa, informação, definição do público alvo, realização de planejamento estratégico de marketing da campanha e pessoas trabalhando ativamente sobre esse veículo que são as redes sociais.
Fonte: Jornal Opção.