Fábrica de ração suspeita de causar morte de quase 300 cavalos tem produção suspensa, diz Ministério da Agricultura
Suspensão é válida para ração para todas as espécies animais. Empresa afirma que tem concentrado os esforços “na apuração técnica rigorosa dos fatos”.
A fábrica de ração suspeita de causar a morte de quase 300 cavalos tem produção suspensa, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O órgão informou que a decisão judicial que autorizou a retomada da produção de rações não destinadas a equinos foi revogada, voltando a valer a suspensão determinada pelo Ministério no início do mês de julho.
A informação foi divulgada pelo órgão nesta quarta-feira (24). O g1 tentou contato com a empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Em nota divulgada no site da empresa, a Nutratta afirma que, desde os primeiros sinais de anormalidade, tem agido “com máxima responsabilidade e cautela” e que tem concentrado os esforços “na apuração técnica rigorosa dos fatos” (confira a nota completa ao final da reportagem).
A fábrica de ração suspeita de causar a morte de quase 300 cavalos tem produção suspensa, informou o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O órgão informou que a decisão judicial que autorizou a retomada da produção de rações não destinadas a equinos foi revogada, voltando a valer a suspensão determinada pelo Ministério no início do mês de julho.
A informação foi divulgada pelo órgão nesta quarta-feira (24). O g1 tentou contato com a empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Em nota divulgada no site da empresa, a Nutratta afirma que, desde os primeiros sinais de anormalidade, tem agido “com máxima responsabilidade e cautela” e que tem concentrado os esforços “na apuração técnica rigorosa dos fatos” (confira a nota completa ao final da reportagem).
Depois da primeira denúncia em maio, a pasta informou que recebeu também denúncias de mortes de equinos em outros estados, como na Bahia, em Goiás, no Rio de Janeiro, em Alagoas e em Minas Gerais.
Segundo o Ministério, em todas as propriedades investigadas, os cavalos que adoeceram ou morreram consumiram produtos da empresa.
O órgão informou que, ainda no último mês de junho, as análises laboratoriais confirmaram a presença de uma substância tóxica e proibida para equídeos, chamada monocrotalina.
NOTA OFICIAL DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) atualizou para 284 o número de equinos mortos após o consumo de rações fabricadas pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda.
Outra atualização é a revogação da decisão judicial que autorizava, de forma parcial, a retomada da produção e comercialização de rações não destinadas a equídeos. Com a revogação, volta a valer a suspensão cautelar imposta pelo Ministério, que proíbe a fabricação de rações para todas as espécies animais, até que a empresa comprove ao Mapa a correção de todas as irregularidades apontadas pela fiscalização, o que ainda não ocorreu até o momento.
As investigações conduzidas pelo Ministério indicam que a contaminação ocorreu por falhas no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero Crotalaria, conhecidas por conter alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina – substância altamente tóxica para os animais.
Essas substâncias não são permitidas na formulação de rações e só aparecem quando há uso indevido de matérias-primas proibidas ou contaminação de ingredientes autorizados. Consideradas hepatotóxicas, alteram o DNA celular e causam danos ao fígado, com efeitos que variam conforme a dose, o tempo de exposição e a condição do animal.
O Mapa ainda aguarda os resultados de análises de outros lotes de ração produzidos e de lotes de matérias-primas envolvidas para definir os rumos da investigação. O Ministério permanece atento a qualquer nova denúncia e manterá a sociedade informada com total transparência.
Entenda o caso
No dia 26 de maio, o Ministério da Agricultura e Pecuária recebeu, por meio do canal Fala.BR, uma denúncia sobre mortes de cavalos no estado de São Paulo. Em 30 de maio, fiscais do Mapa foram até a propriedade em Elias Fausto (SP) e identificaram suspeita na ração fornecida aos animais.
Entre os dias 2 e 4 de junho, foram realizadas inspeções na fábrica da Nutratta, que revelaram falhas nos processos de produção e controle de qualidade.
Novas denúncias foram recebidas. Em todas as propriedades investigadas os equinos que adoeceram ou vieram a óbito consumiram produtos da empresa. Já os animais que não ingeriram as rações permaneceram saudáveis, mesmo quando alojados nos mesmos ambientes.
Em razão disso, o Mapa emitiu alerta para suspensão imediata do consumo das rações fabricadas pela empresa investigada.
Em 25 de junho, análises laboratoriais confirmaram a presença de monocrotalina, substância tóxica e proibida para equídeos.
O Ministério instaurou processo administrativo, mantém as investigações e continua com o recolhimento dos lotes contaminados.
NOTA OFICIAL DA NUTRATTA
Antes de qualquer consideração técnica ou institucional, a Nutratta deseja expressar, com profunda sinceridade, sua solidariedade a todos os criadores, proprietários, profissionais e apaixonados pelo mundo equestre que estão enfrentando este momento extremamente difícil.
Receber relatos de perdas de animais tão valiosos — não apenas do ponto de vista econômico, mas, sobretudo, afetivo — tem nos tocado de forma intensa e pessoal. Sabemos que, para muitos, esses animais são parte da família, companheiros de vida e trajetória. Sentimos profundamente a dor de cada um, e nos solidarizamos com genuína empatia pelo sofrimento que atravessa todo o setor.
Desde os primeiros sinais de anormalidade, optamos por agir com máxima responsabilidade e cautela, evitando qualquer tipo de manifestação precipitada. Em respeito à gravidade do que está sendo vivenciado, concentramos todos os nossos esforços na apuração técnica rigorosa dos fatos, colaborando de forma integral com os órgãos competentes e reforçando nossos controles internos com o apoio de nosso corpo técnico especializado.
Ressaltamos que o nosso pronunciamento, nesse momento, não se deu por omissão, mas sim por respeito à busca pela verdade – um dos valores inegociáveis da empresa. Preferimos adotar uma postura responsável e conservadora, ao invés de emitir alertas sem fundamentação técnica ou orientações precipitadas diante de um cenário desconhecido, sensível e sem precedentes. Esta postura foi adotada em nome da transparência, da ética e da integridade do processo de apuração.
É importante destacar que a Nutratta detém patente sobre a tecnologia de extrusão de fibras aplicada à nutrição animal, com resultados comprovadamente superiores à média do mercado. Essa tecnologia exclusiva reflete nosso compromisso com a inovação, qualidade e segurança nutricional. Atuamos há mais de 13 anos no mercado de nutrição equina e somos reconhecidos pela seriedade, consistência técnica e pelo respeito às necessidades dos animais e dos profissionais que confiam em nossos produtos. Ao longo dessa trajetória, construímos relações pautadas em responsabilidade, pesquisa e compromisso com a vida.
Esclarecemos que as linhas de nutrição equina e bovina da Nutratta são desenvolvidas de forma totalmente independente, com formulações distintas e protocolos de produção específicos para cada espécie, conforme os mais rigorosos padrões técnicos e sanitários.
Até o momento, não há qualquer evidência de contaminação ou falha nos produtos destinados à bovinocultura. A ração bovina segue sendo utilizada por diversos clientes, sem qualquer intercorrência clínica registrada.