Ministros do governo federal ignoram recomendação e se manifestam contra regime militar
Silvio Almeida, Camilo Santana, Paulo Pimenta, Paulo Teixeira, Cida Gonçalves, Sonia Guajajara e Jorge Messias falaram sobre o 31 de Março; Palácio do Planalto apaziguar relação com as Forças Armadas
Sete dos 38 ministros do presidente Luiz Inácio Lula Silva (PT) decidiram ignorar a orientação do líder e fizeram postagens de repúdio ao regime militar nas redes sociais. O objetivo do veto era evitar conflitos políticos no país. O aniversário da revolução que culminou com a deposição de João Goulart do poder completou 60 anos neste domingo (31). O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, destacou a importância de um país social e economicamente desenvolvido, institucional e culturalmente democrático, “livre da tortura e do autoritarismo”. O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou a necessidade de “lembrar e repudiar a ditadura militar para que não se repita”.
Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, enfatizou a responsabilidade de defender a democracia diariamente. Paulo Teixeira, responsável pelo Desenvolvimento Agrário, homenageou as pessoas que morreram durante o regime militar. Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, prestou homenagem “a todas as pessoas presas, torturadas ou que tiveram seus filhos desaparecidos e mortos na ditadura militar”. Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, lembrou as mortes dos povos indígenas entre 1964 e 1985. O Advogado-Geral da União, Jorge Messias, homenageou a ex-presidente Dilma Rousseff, torturada durante o regime militar. No entanto, o número de ministros que se manifestaram foi pequeno em relação ao total de auxiliares do presidente.
A fim de apaziguar a relação entre o Palácio do Planalto e as Forças Armadas, Lula fez um acordo para que ambas as partes evitassem manifestações de repúdio ou comemorações neste 31 de abril. Em entrevista no fim de fevereiro, o petista disse que não quer “ficar remoendo” o que aconteceu entre as décadas de 1960 e 1980. A decisão do presidente desagradou a uma boa parte do seu partido.