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Economia da China registra um dos piores crescimentos em décadas

A economia da China registrou um crescimento de 5,2% em 2023, um dos piores em mais de três décadas, conforme dados oficiais divulgados nesta quarta-feira (17), reflexo de um país que enfrenta uma grave crise imobiliária, um consumo fragilizado e as turbulências globais.

Embora o número esteja alinhado com as expectativas e com a meta anual estabelecida por Pequim, provavelmente aumentará a pressão sobre as autoridades para introduzirem mais medidas de estímulo que recuperem a atividade empresarial e o consumo

O Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia do mundo aumentou 5,2%, para 126 trilhões de iuanes (17,6 trilhões de dólares ou 86,2 trilhões de reais, na cotação atual), informou o Instituto Nacional de Estatísticas.

O número melhora os 3% registrados em 2022, quando a atividade foi gravemente afetada por rigorosas restrições contra a covid-19. No entanto, é o pior resultado para a economia chinesa desde 1990, sem considerar os anos da pandemia.

Depois de suspender as medidas sanitárias draconianas no final de 2022, Pequim estabeleceu uma meta de crescimento de “cerca de 5%” para o ano anterior.

O retorno à normalidade pós-covid levou a uma recuperação inicial da economia, que depois perdeu impulso à medida que a desconfiança recaiu sobre as famílias e as empresas e pesou sobre o consumo.

Uma crise generalizada no setor imobiliário, o alto desemprego entre os jovens e a desaceleração econômica global também pesam sobre o crescimento da China.

As exportações do país, um pilar histórico de sua economia, caíram no ano passado pela primeira vez desde 2016, de acordo com dados divulgados na sexta-feira pelos serviços alfandegários.

As tensões geopolíticas com os Estados Unidos e os esforços de alguns países ocidentais para reduzir sua dependência da China e diversificar suas cadeias de abastecimento também prejudicaram o crescimento.

As autoridades devem anunciar somente em março sua meta de crescimento para 2024.

– “A recuperação pós-covid mais decepcionante” –

O comissário do órgão estatístico Kang Yi disse nesta quarta-feira que a recuperação foi “uma tarefa árdua” em 2023, como demonstram outros índices publicados.

As vendas no varejo, principal indicador do consumo das famílias, desaceleraram em dezembro com um aumento de 7,4% na comparação anual, contra os 10,1% registrados no mês anterior.

A produção industrial avançou ligeiramente para 6,8% na comparação anual, contra 6,6% em novembro, e o índice de desemprego aumentou em um décimo, para 5,1%, neste mesmo período.

Este último indicador está incompleto, uma vez que se baseia apenas em dados dos centros urbanos e exclui milhões de trabalhadores em zonas rurais particularmente vulneráveis à desaceleração econômica.

Também não inclui a taxa detalhada para pessoas entre os 16 e os 24 anos, que deixou de ser publicada em maio depois de atingir o recorde de mais de 20% de jovens desempregados.

O instituto de estatística também divulgou dados demográficos, que mostram uma aceleração do declínio populacional da China, ultrapassada em 2023 pela Índia como a nação mais populosa do planeta.

“O que a China viu no ano passado foi possivelmente a recuperação pós-covid mais decepcionante que se possa imaginar”, afirmou o diretor da consultoria China Beige Book, Shehzad Qazi, à AFP.

“A economia mancou no final do ano”, continuou. “Qualquer verdadeira aceleração no próximo ano exigirá uma grande surpresa global positiva, ou uma política governamental mais ativa”, opinou.

– “Uma oportunidade” –

Abalada pela falta de confiança empresarial e pelo consumo entorpecido, a China tenta seduzir investidores internacionais.

No Fórum de Davos, na terça-feira (16), o primeiro-ministro Li Qiang apresentou uma imagem otimista da economia do país.

“Não importa como a situação mundial mude, a China vai aderir à sua política nacional básica de abertura ao mundo exterior”, disse ele.

“Escolher o mercado chinês não é um risco, mas sim uma oportunidade”, acrescentou.

Mas os riscos são abundantes, especialmente no setor imobiliário que, após duas décadas de expansão frenética, representa em torno de 25% do PIB. O alto endividamento e a diminuição da compra de imóveis deixaram grandes empresas, como Evergrande e Country Garden, em risco de falência.

Por ISTOÉ DINHEIRO

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