Meio Ambiente

Servidores ambientais iniciam greve em cinco estados, com exceção para fogo e desastres

Incêndios do pantanal e chuvas no RS seguem atendidas; operações de desintrusão devem ser afetadas

(Folhapress) Os servidores ambientais de cinco estados iniciaram greve nesta segunda-feira (24) e reivindicam ao governo Lula (PT) melhores condições de trabalho, a reestruturação da carreira e reajuste salarial.

A paralisação nos estados Acre, Espírito Santo, Pará, Paraíba e Rio Grande do Norte foi oficializada ao governo na última sexta-feira (21). Os demais estados e o Distrito Federal devem aderir à paralisação no próximo dia 1º.

A categoria manterá apenas algumas atividades, sob regime especial, voltadas sobretudo a emergências.
Assim, mesmo que estados como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso ou Rio Grande do Sul entrem na paralisação, o combate ao fogo em razão da seca histórica do pantanal e o atendimento a desastres —como o caso das chuvas no Sul seguem funcionando..

As operações de desintrusão e combate a crimes ambientais ficam paralisadas até segunda ordem, o que pode impactar, por exemplo, a operação na Terra Indígena Yanomami, já que Roraima já aprovou sua greve a partir da próxima semana.

“As servidoras e os servidores ambientais federais de todo o país se unirão em uma paralisação nacional, em uma greve da área, com intensificação após a adesão dos demais estados no próximo dia 1º. Somente ações essenciais e emergenciais, e em números mínimos, terão atividades realizadas”, afirmou Cleberson Zavaski, presidente da Ascema (associação nacional dos servidores ambientais).

Para ele, há um “desinteresse do governo federal em realizar a justa e devida reestruturação”, da carreira.

A demanda pela valorização dos profissionais de Ministério do Meio Ambiente, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Serviço Florestal e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) vem desde o final de 2022, na transição para o terceiro governo de Lula.

O argumento dos servidores é de que a carreira foi sucateada e assediada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, mesmo assim, resistiu ao desmonte da política ambiental, fato que deveria ser valorizado pelo petista.

A última proposta de reestruturação feita pelo Ministério da Gestão e Inovação aconteceu em abril, mas não agradou a categoria.

O maior problema foi uma redução de até 6% no salário de novos ingressantes na categoria, nos cálculos da Ascema.

No geral, o governo fala em um reajuste geral de 20% a 30% da remuneração geral para o setor. A associação contesta esses números e alega que ele varia, na verdade, de 19% a 26%.

A Ascema viu alguns avanços, como a melhoria na proporção entre remuneração fixa e remuneração variável —mas que ainda está aquém do que era demandado— e aceitou o escalonamento da carreira em 20 níveis.

Por outro lado, avaliou que a proposta não atendia a nenhuma das suas principais reivindicações: espelhamento da carreira com a da ANA (Agência Nacional de Águas), redução da disparidade salarial entre cargos ou benefícios por atuação de risco, por exemplo.

Os servidores fizeram uma contraproposta, mas, no último dia 7, o Ministério da Gestão afirmou à categoria que havia chegado ao “limite máximo, do ponto de vista orçamentário, do que é possível oferecer” e indicou o fim da mesa de negociação.

Diante disso, a paralisação escalou para a greve, que deve aumentar com a adesão dos outros estados a partir da próxima semana.

A categoria realizará mais assembleias nos próximos dias e, para ampliar a greve no próximo dia 1º, deve avisar oficialmente o governo até a próxima sexta-feira (28).

De acordo com o plano aprovado até agora, cinco setores seguirão em regime especial, para atender emergências climáticas, desastres naturais ou preservar a vida de populações tradicionais ou animais sob risco, por exemplo.

O combate ao fogo, por exemplo, será 100% mantido, uma vez que o pantanal vive atualmente o que pode se tornar a crise de seca mais grave de sua história.

Nesta segunda, o estado de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência.

Nos 12 primeiros dias de junho, o bioma registrou 733 focos de incêndio, o número mais alto para toda a série história arquivada no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que começa em 1998.

Os números 90% maiores que os do ano de 2020, quando o fogo destruiu 26% do bioma, quando o bioma viveu o maior incêndio de sua história.

O atendimento aos desastres climáticos também seguirá funcionando, uma vez que a situação no Sul do país ainda é grave e pode piorar nos próximos dias, com a chegada de novas chuvas.

Nesta segunda, por exemplo, o nível do rio Guaíba —que inundou a capital Porto Alegre, dentre outras cidades— voltou a subir, e moradores da região já foram orientados pela Defesa Civil a deixarem suas casas. A cidade de Bento Gonçalves registrou chuva de granizo.

Fonte: Mais Goiás.

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